terça-feira, 28 de agosto de 2007

O Silêncio do trabalho, silêncio nos movimentos


Ao fazer milagres, algumas vezes, Jesus impunha o silêncio para aqueles a quem beneficiava.
Geralmente quando Deus nos pede silêncio em alguma situação, a espera vem de brinde e não sabemos o que é mais difícil; calar ou esperar... Achamos que as palavras vão consertar mais as coisas do que o puro e orante silêncio... Deus é diferente de nossa limitada maneira de pensar. Ele escuta os mais silenciosos, ele sabe como falam os corações sinceros...
O Escritor racionalista e crítico Adolf von Harnack assim se refere a figura de Jesus Cristo:
"A nota dominante na vida de Jesus é a de um recolhimento silencioso, sempre igual a si mesmo, sempre tendendo ao mesmo objetivo. Incumbido da mais elevada missão, tem sempre olhos e ouvidos abertos para todas as impressões da história que o cerca. Que paz profunda e de absoluta segurança!"
Assim, se vê que Jesus não se omite em meio a realidade que está ao seu redor, mas o silêncio de sua alma permite entrar com mais propriedade em cada acontecimento e tirar delas oportunidade de sentir paz mesmo em meio a dor e a turbulência. Jesus quando fala, fala como alguém que conhece a alegria espiritual. Aqui outro trecho de Harnack:
"Sua voz possui notas mais poderosas, coloca os homens frente a uma opção decisiva, sem deixar escapatória e, não obstante, Ele apresenta as coisas mais terríveis como se fossem as mais elementares e delas fala como se fossem o que há de mais natural; as mais terríveis verdades, ele coloca dentro da linguagem semelhante a da mãe que fala a seu filho."
Não é difícil entender este ensinamento de Jesus, ensino que é dado pela prática, com seus atos. Ele fala com autoridade porque sabe se calr, em outras palavras, a arte de bem falar está intimamente ligado a arte do bem silenciar.
Traduzir os movimentos, dando um tom de leveza e serenidade, é importante, principalmente para os cristãos, pois muitos já esqueceram como agir silenciosamente e outros nem chegaram a conhecer tal prática.
A civilização contemporânea é, evidentemente, dissipante: é a civilização do barulho e da pressa. As grandes aglomerações urbanas dificultam ao homem o encontro consigo mesmo no silêncio e na solidão; o cidadão, vivendo em apartamento e escritórios, vai perdendo o contato com a natureza; os meios de comunicação de massa interpelam continuamente a pessoa, queira ou não. Enfim, divertimentos e solicitações se multiplicam, justamente no período em que o senso crítico se torna mais exigente.
É necessário buscar o silêncio...
Silêncio no andar, silêncio dos olhos, dos ouvidos, da voz. Silêncio de todo exterior, preparando a alma para unir-se a Deus.
Por esses esforços, a alma merece, tanto quanto depende dela, ouvir a voz do Senhor.
Como esse passo é bem recompensado! Deus atrai a alma ao deserto.
Assim, nesse segundo estado, a alma afasta tudo o que possa distraí-la. Afasta-se do ruído. Foge, só, para AQUELE QUE É SÓ. Gozará então das primícias da União Divina.
É o silencio do recolhimento ou o recolhimento no silêncio.

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